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A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) é a Província da Comunhão Anglicana do Brasil

POST CEA 10 10 2023

A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) é a Província da Comunhão Anglicana do Brasil

Porque falar disto, quais os limites de tal afirmação, qual a importância de dizer disto e o que isto significa para o anglicanismo continuante e para o “anglicanismo inventado”?

O anglicanismo é uma tradição cristã que tem raízes na Inglaterra, marcada por sua história única e evolução ao longo dos séculos. A Comunhão Anglicana, por outro lado, é uma comunidade global de igrejas que compartilham a fé e as tradições anglicanas. Ambos desempenham papéis significativos no cristianismo e em suas relações internas e institucionais.

No entanto, surgem problemas quando alguém que nunca teve ligação com o anglicanismo decide autodenominar-se bispo anglicano e reivindicar uma identidade que não possui legitimidade histórica ou teológica. Essa ação cria uma dissonância cognitiva, pois a pessoa está se afirmando como algo que não é, e isso levanta preocupações éticas e práticas.

A Comunhão Anglicana é composta por igrejas que seguem uma estrutura eclesiástica e doutrina estabelecida ao longo de séculos. A autodesignação como bispo anglicano por alguém externo à Comunhão ignora essa estrutura e história, gerando confusão e divisão.

Isso prejudica a integridade da tradição anglicana, bem como o respeito mútuo entre as igrejas que a compõem.

A dissonância cognitiva ocorre quando essa pessoa tenta validar sua identidade autoproclamada como "mais anglicana" do que a própria Comunhão Anglicana, o que é uma afirmação sem fundamento. Isso mina a coesão e a autenticidade da fé anglicana, causando tensões e mal-entendidos dentro e fora da tradição.

Além disso, tal ação cria dilemas éticos para a membresia e clero da igreja "inventada" por esse sujeito. Eles podem ser levados a questionar a legitimidade de sua liderança espiritual e sua própria participação na comunidade, levando a divisões internas e incertezas religiosas.

Em resumo, a autodesignação como bispo anglicano por alguém sem conexão histórica ou teológica com o anglicanismo representa um problema sério. Isso mina a integridade da tradição anglicana, prejudica a Comunhão Anglicana global e cria desafios éticos para aqueles que são atraídos por essa figura autoproclamada. É um exemplo claro de como a dissonância cognitiva pode afetar negativamente o cristianismo e suas relações internas e institucionais.

Por fim e naturalmente, vale lembrar que toda e qualquer pessoa que quiser conhecer Anglicanismo como tradição religiosa deve se aproximar do grupo de igrejas que de fato, historicamente comprovadas, representam está tradição no Brasil. Todas estas igrejas estão, de alguma forma, ligadas na raiz ou por paralelismo à IEAB, que é a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, parte da Comunhão Anglicana. A IEAB, por ser parte da Comunhão Anglicana, é inequivocamente anglicana em todos os sentidos deste termo, porque é de tradição anglicana e é da comunhão.

Outras igrejas, que derivam ou da IEAB ou de igrejas que historicamente compuseram a Comunhão Anglicana, também são anglicanas no sentido de se ligarem a algum tipo de identidade religiosa relacionada à história e tradições anglicanas. Estas igrejas são chamadas, no estudo da história da Igreja de história do Anglicanismo, de "Igrejas Continuantes", porque são capazes, entre outras coisas, de demonstrar suas origens históricas em igrejas que, um dia, compuseram a Comunhão Anglicana. Ou seja, elas continuam a história do Anglicanismo, se inserem num contínuo histórico demonstrável, e não são apenas fruto de interpretação histórica criativa, ficção ou apreciação estética pelo termo "anglicano". Elas são, sem dúvida, anglicanas em vários sentidos tradicionais, teológicos e litúrgicos, mas não o são no sentido de serem parte da Comunhão Anglicana, embora tenham clara relação, de origem histórica e até mesmo de cisão, atrito, tensão, com esta Comunhão, da qual são devedoras em algum nível.

Já igrejas que nunca tiveram quaisquer relações com nenhuma das igrejas anglicanas em qualquer dos dois sentidos não podem ser consideradas anglicanas senão em algum tipo de sentido que é, tecnicamente, dissonante da realidade contemporânea e da construção histórica do que significam estes termos para as pessoas que são de igrejas anglicanas de fato, e salvo quando estamos diante de casos de dissonância cognitiva das lideranças que as fundaram, que se auto impuseram tal nome (“anglicano/a”) por realmente acreditarem mais na própria opinião sobre o que é anglicanismo do que no que o anglicanismo diz de si mesmo, correspondem exatamente não ao produto se dissonância cognitiva, problemático por si, mas a fraudes, perversas em suas raízes.

Cabe alertar a cada pessoa que, se desejosa de conhecer uma igreja anglicana, faça-se atenta para perceber se de fato a mesma se insere em um contínuo histórico da construção de tal identidade.

Caso contrário, corre o risco de participar do autoengano de alguém ou de ser enganada.

Neste sentido, é plenamente válido e até necessário, para todas as igrejas que são anglicanas de alguma maneira no Brasil, que a igreja-mãe ou igreja-tia de todas elas, a IEAB, traga esta discussão à tona, pois viabiliza o mútuo reconhecimento atual e futuro inclusive entre a IEAB e as igrejas continuantes presentes no Brasil, ao passo que alerta a todos nós sobre o necessário cuidado com as diversas iniciativas dissonantes da tradição anglicana que, infelizmente, repetidamente surgem no Brasil.

Conclui-se, portanto, que a insistência da IEAB de se demonstrar como parte da Comunhão Anglicana, em necessário detrimento de outras igrejas que não são da mesma comunhão e que se organizam no Brasil não é um caso de preconceito, mas de exatidão técnica, e que pesa também o fato que, de um ponto de vista dicionarístico, o uso irrestrito do termo “anglicano” pode corresponder a autoengano e a fraude, além de prejudicar o próprio ambiente intra anglicano pela confusão do que seriam tais igrejas.

Finalmente, isto não significa que toda e qualquer pessoa no Brasil não possa se nomear com a denominação religiosa que melhor lhe parecer. Afinal, a lógica da liberdade religiosa, pauta cara ao Anglicanismo e por conseguinte à própria IEAB, permite e aprecia tal diversidade.

O que não pode acontecer é alguém usar desta maravilhosa liberdade pra enganar outras pessoas.

Rvdo. Dr. Julio Reis Simões - IEAB

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