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Dia de Todos os Santos e Todas as Santas
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Festum Omnium Sanctorum: um convite a comunhão das santas e dos santos de todo o dia.
O Dia de Todos os Santos e Todas as Santas, é uma festa da Igreja de Cristo, que no Brasil não tem esta conotação de festa. Há quem diga que é por não ser um dia feriado ou talvez, por ser imediatamente antes do dia de finados que além de feriado, tem na cultura popular uma força e importância muito grande. A verdade, porém, é que estes dois dias estão muito ligados.
O Dia de Todos os Santos e Santas, é celebrado anualmente em 1º de novembro em todo o Ocidente, enquanto nas igrejas do oriente, a comemoração acontece no primeiro domingo após o Pentecostes, e é reconhecida por várias denominações cristãs como católicos romanos, ortodoxos, anglicanos e luteranos.
Um pouco de História
Há diferentes versões sobre o surgimento da festa de Todos os Santos e Todas as Santas. Talvez a mais antiga e popular seja que mesmo antes de existir um dia instituído para homenagear os santos e santas, principalmente mártires, já existia o costume de se celebrar uma missa em honra de santos e santas mártires em alguns locais. Provavelmente, isso acontecia devido ao fato de ter sido frequente o hábito de martirizar grupos inteiros de cristãos num único local. Assim, existe um registo datado do século IV, que se refere a celebração de um dia comum para todos os mártires em Antioquia, no primeiro domingo depois do Dia de Pentecostes. Dia em que ainda hoje é comemorado por parte das igrejas cristãs orientais.
Outro relato é que oficialmente o Dia de Todos os Santos foi celebrado pela primeira vez no dia 13 de maio de 609 d. C. e foi instituído pelo Papa Bonifácio IV. Este era o dia da festividade romana celebrada no Panteão (um templo dedicado a todos os deuses). Assim, com o objetivo de cristianizar mais pessoas, este dia continuou a ser comemorado mas, desde então, em honra de Maria e de todos os mártires.
Mais tarde, por volta do ano 835 d.C, o Papa Gregório IV modificou a data desta celebração para o dia 1 de novembro. Não existem certezas quanto ao motivo desta decisão, mas segundo a Enciclopédia da Religião, o mais provável é que esta mudança tenha ocorrido com o objetivo de cristianizar uma outra festa pagã muito antiga que continuava a ser celebrada pelos povos celtas, mesmo depois da sua cristianização: o Samhain (pronuncia-se Sou-ein). O Samhaim era uma das festas mais importantes da cultura celta e irlandesa, que tinha apenas duas estações no ano, Inverno e verão. No Samhain começava o inverno que ia até Beltane, onde começava o verão que ia até o Samhain. Por essa importância cultural, entende-se toda a mística que envolvia esta festa.
Samhain era o dia no qual começavam o Ano-Novo celta e o Inverno, por isso era um tempo ideal para términos e começos. É o dia ideal para honrar os mortos, pois nele os véus que separam os mundos estão mais finos. Aqueles que morreram no ano passado e aqueles que estão reencarnando passam através dos véus e portais nesse dia. Em Samhain, nem humanos nem fadas precisam de senhas para entrar e sair. Samhain é um festival do fogo e é a entrada para a parte sombria e fria da Roda do Ano (o inverno). Samhain é o tempo de lembrarmos com amor aqueles que partiram para o outro lado, por isso é chamado de a Festa Ancestral. Toda a família, ou grupo, se reunia para reverenciar os que já partiram, um momento especial em que o outro mundo se conecta com este mundo.
Há escritores que não vê relação entre o Dia dos Santos e Santas e o Dia dos Mortos ou Finados, mas os que enxergam essa relação tem como vemos acima muitos argumentos.
SANTAS E SANTOS DE TODO O DIA
Sejam santos, pois eu, o Senhor, sou santo, ... Levitico 20:26
Todos os santos vos saúdam, mas principalmente os que são da casa de César. Filipenses 4:22
Penso que esse dia pode nos trazer uma outra dimensão para nossa celebração, a da Comunhão dos Santos e Santas.
Há várias citações bíblicas que temos sobre os santos, porém faço apenas duas acima e nos dois casos, santos e santas são as pessoas que fazem parte do Reino de Deus. Em Levítico 20:26, o Povo de Deus , e em Filipenses 4:22 a Igreja, que para nós cristãos toma o mesmo significado embora a igreja não seja o Reino, mas a experiência do Reino ou como uma amostra do Reino. Assim todos nós que vivemos essa esperança somos santos e santas por termos aceitado o chamado de Deus/Cristo, como são também os que já nos antecederam. E tanto as pessoas mortas nesta esperança como as que vivem nela, tem Jesus Cristo como intercessores entre nós e Deus mas também entre nós mesmos(as), pois quando nos dizemos irmãos ou irmãs, dizemos em Cristo. Por isso não tem nenhum sentido uma pessoa cristã ter medo de quem já morreu, pois é Cristo Jesus que une todas as pessoas, e é nele que tanto as vivas, como as mortas, estão em comunhão.
A Comunhão dos Santos e Santas é então a Ressurreição de Cristo e a nossa ressurreição em Cristo. É por Cristo Ressuscitado que Celebramos a Deus, e com Cristo estamos juntos de todos e todas que nos antecederam nele, seja as que foram martirizadas pela Fé, seja as que foram reconhecidas por nossas instituições como Santas, ou com as Santas e Santos que nos ajudam ou nos ajudaram em nosso caminho pessoal de fé. Que nunca nos deixarão e que nós nunca as abandonaremos mas estarão sempre conosco na celebração ao Deus para quem a morte não existe. O Deus da vida.
No Cristo,
Revdo. Marcos Fernando Barros de Souza,
Diocese Anglicana da Amazônia.
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