Informativo CEA
Presença Anglicana na “Parada de Luta LGBTI” em Porto Alegre/RS
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Após a aprovação, pelo 34º Sínodo Geral da IEAB, do casamento igualitário, e a consequente aprovação pelo 126º Concílio da Diocese Meridional, alguns meios de comunicação divulgaram o fato, entre eles: Jornal do Comércio, SBT, Sul-21. O fato também impactou movimentos onde a IEAB participa, sendo um deles, o recentemente criado, Movimento Democracia, Diálogo e Diversidade (suprapartidário que visa promover estes valores na sociedade ameaçada pela intolerância, pelo ódio e pela desinformação). Foi este movimento, também conhecido como M3D que abriu o espaço na “Parada de Luta LGBTI” (sendo que em Porto Alegre recebe o termo “luta”, por se considerar um ato político, não apenas cultural, em defesa desta população e do respeito à diversidade em todas suas formas).
A Parada aconteceu, como é já tradicional, no Parque da Redenção no dia 1º de julho de 2018. Nossa participação consistiu em nos apresentar e agradecer pela luta LGBTI que nos fez dar este importante passo evangélico e reconhecer todas as pessoas que creem como filhas e filhos de Deus, no sentido do que é afirmado no prólogo do Evangelho segundo a comunidade de João: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (Jo 1:11-12). E ainda compartilhando da convicção manifesta pelos apóstolos Paulo (Rm 2.11) e Pedro, segundo o relato de Lucas em Atos: “E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas” (Atos 10.34).
PARTICIPAÇÃO ANGLICANA NO ATO CONTRA A PROIBIÇÃO DO ABATE SAGRADO DE ANIMAIS NAS TRADIÇÕES DE MATRIZ AFRICANA
Esta marcha aconteceu no dia 31 de julho de 2018 articulando a Associação de Povos de Terreiro do RS, e o Fórum Interreligioso e Ecumênico em defesa da Democracia, Diversidade e Direitos. Este ato foi convocado como forma de ação política junto ao Procurador do Estado e a Assembleia Legislativa do RS. Em 2004 o legislativo gaúcho aprovou um parágrafo, dentro da lei de proteção aos animais, pelo qual estava autorizada a prática do abate ritual ou sagrado de animais dentro das práticas religiosas de Matriz Africana. No entanto, uma ação de inconstitucionalidade foi impetrada pelo Ministério Público nesse mesmo ano – inicialmente negada – e houve então recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF), que será julgado no dia 9 de agosto.
Este “enquadramento” religioso da lei de proteção aos animais atenta diretamente contra o caráter do Estado Laico e do respeito à liberdade religiosa, colocando uma prática ancestral e respeitosa – certamente mais respeitosa que a criação e abate industrial de animais – em situação de precariedade jurídica dando espaço para que ações antirreligiosas contra estas tradições possam ser impetradas.
O Rio Grande do Sul tem mais de 6000 terreiros, sendo a maior concentração de espaços sagrados de Matriz Africana no Brasil e no mundo. Não por acaso este tipo de ataque de intolerância e racismo teve origem neste Estado.
Como pessoas cristãs e dentro do que se afirma na 4ª Marca da Missão, não podemos agir de forma omissa diante de mais um atentado contra o povo negro e suas matrizes religiosas, que hoje não são somente do povo negro, mas que marcam a identidade cultural e religiosa do povo brasileiro. Oramos ao Nosso Senhor Jesus Cristo, nos somando as rezas de nossas irmãs e irmãos, para o STF resgate o respeito e gratidão a contribuição histórica e presente que o Povo de Terreiro oferece neste país.
Bispo Humberto Maiztegui
Bispo da Diocese Meridional
Coordenador da Comissão Nacional de Incidência Pública,
Direitos Humanos e Combate ao Racismo da IEAB
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