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20 de Novembro | Zumbi dos Palmares | Dia da Consciência Negra
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Zumbi dos Palmares é comemorado no Calendário de Santos do anglicanismo brasileiro.
Herói da resistência do nosso povo negro contra o modelo de escravidão português, Zumbi, herdeiro do trono do Reino do Congo pela linha materna, sendo neto da Rainha de jure Aqualtune.
Aqualtune foi uma princesa congolesa guerreira da casa (dinastia) de Nlanza, que lutou contra os portugueses devido a ter seus direitos sucessórios no trono de Mbwilla negados por estes. Tendo perdido a guerra, foi capturada, escravizada, enviada a Elmina (forte português na costa da África), e traficada para o Brasil, aportando na região de Recife em torno de 1657.
Batizada por um bispo, foi marcada (provavelmente a mando do próprio bispo) com uma flor com um ferro em brasa no seio esquerdo.
A venda dela se deu como “escrava reprodutora”, ou seja, uma mulher destinada a ser estuprada e engravidar de quantos filhos fosse possível, até que morresse, ao fim da idade reprodutiva.
Seus filhos seriam, “naturalmente”, todos vendidos para exploração até a morte de seu trabalho, e ela nunca os criaria.
Chegou grávida ao Brasil, talvez de forma voluntária, talvez não. O fato é que rápido organizou uma fuga em massa de seus captores (afinal, era uma rainha guerreira, com grande capacidade de liderança e estratégia) e se ajuntou a um dos mocambos da Confederação de Palmares.
Palmares era um “estado-dentro-do-estado”, uma rede de unidades habitacionais em torno de uma liderança.
Já em Palmares, no mocambo de Aqualtune (que logo recebeu o nome de sua rainha), deu à luz o filho de quem chegou grávida, Ganga Zumba, e mais tarde Sabina, que viria a ser a mãe de Zumbi.
Ganga Zumba foi Rei dos Palmares, no que foi sucedido por Zumbi, seu sobrinho.
Zumbi dos Palmares liderou a resistência aos portugueses, que queriam eliminar o problema duplo que Palmares representava: era uma República de pessoas africanas livres num estado Monárquico que escravizava todas as pessoas africanas.
Em Palmares respirava-se a mesma organização social de África, isto é, contratos de servidão ao invés de escravidão, liberdade presumida ao invés de opressão garantida.
Celebrar Zumbi dos Palmares como Santo é celebrar a liberdade negra que atribuem erroneamente a uma certa princesa branca que nasceria muitos anos mais tarde e que nunca entendeu o que é liberdade por nunca ter sido privada da mesma, como a grande rainha Aqualtune.
Celebrar Zumbi como Santo é celebrar a resistência a toda objetificação de pessoas pretas, que enxergam a mulher preta como “a reprodutora hiperssexual” e o homem preto como “o incapaz de reflexão e resistência”.
Celebrar Zumbi como Santo é celebrar a memória de um povo que lutou desde o início contra a escravidão imposta.
Celebrar Zumbi como Santo é celebrar a nossa força de povo preto, negro, afro-descendente, que não é filho, neto, bisneto de escravos: somos filhos, netos, bisnetos de reis e rainhas que lutaram até a morte pela própria liberdade e que não aceitaram a narrativa branca segundo a qual as pessoas são diferentes entre si por conta da cor da pele.
Afinal, em Palmares, reino do grande rei Zumbi, pessoas brancas e indígenas também caminhavam livres.
Em nosso contexto social, em que o racismo e a escravização de pessoas ainda não foram superados, clamamos com Zumbi para que Deus tenha misericórdia de nós e fortaleça nossa luta por liberdade.
Amém. Aśè.
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