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Promoção do Diálogo Ecumênico e Inter Religioso e Enfretamento aos Fundamentalismos Religiosos
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MESA 5 – X Fórum Social Pan Amazônico | Belém – PA, 28 a 31/07/2022.
Campus da Universidade Federal do Pará – UFPA
Promoção do Diálogo Ecumênico e Inter Religioso e Enfretamento aos Fundamentalismos Religiosos
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“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender a odiar; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”
(Nelson Mandela).
Estamos na Amazônia! Ela é a mãe de todas, de todos e de todes nós! Por isso: Amazônidas como filhas adotadas e filhos adotados! Dela nos alimentamos – em seu seio materno que é fonte de “leite e mel” – nosso sustento. Com ela cultivamos vidas, valores, espiritualidades, aquilo que chamamos de experiência de fé nas diferentes interpretações nessa circular relação com a vida presente nela.
Na Amazônia trilhamos nos seus caminhos construídos por ela mesma: rios e igarapés. Seus rios rasgam sua floresta, mostrando a realidade humana, cultural e social presentes nela. Em seus altos e baixos, na sua mais íntima realidade, encontramos pessoas de diferentes realidades culturais: povo originário, quilombolas, ribeirinhos, defensoras e defensores de sua biodiversidade, pessoas oriundas de outras realidades culturais, muitas delas sobrevivem nos bolsões de miséria dos grandes centros urbanos; na Amazônia tem gente que a contempla, que reza e tem gente que luta. Na Amazônia – por sua espiritualidade essencialmente ecológica – nos encontramos, nos reunimos, nos congregamos e nos compreendemos como diversidade – assim como ela é! – uma profunda compreensão de unidade na diversidade.
Na sua diversidade, vemos a sua pluralidade. Por isso, podemos dizer que não existe “uma” Amazônia, mas “amazônias”, uma explosão de pluralidade de realidades, sabores, sons e cantos. Antes da colonização branca invadir e ocupar os territórios amazônidos, a vida tinha uma ordem coerente e natural: certamente aconteciam diálogos nas múltiplas diversidades entre as etnias com as diferentes espécies, numa ordem globalizada (aquilo que chamamos de Gaia/Tapoia/Oca). Certamente essa Amazônia em sua originalidade é o fio condutor que nos conduz a defendê-la, encontrando nela o porto seguro de nossas lutas, de nossas rezas, de nossas espiritualidades. Ocupavam cada qual seu espaço sem precisar de cercas, muros e documentos de territorialidade; tiravam da floresta o necessário para viver, sem agredir aquilo que é marco central de sua vida. Sua religiosidade não precisou dos templos gigantescos: as catedrais eram a céu aberto e suas colunas as castanheiras, as sumaumeiras, as andirobeiras. O diálogo religioso dos povos originários tinha como única regra: o amor como respeito ao que a liberdade lhes proporcionava; a liturgia? Os cânticos dos pássaros, do Uirapuru, especialmente, davam o cantarolar de hinos infinitamente que despertavam a cadência das árvores que dançavam com o ritmo do ritual tão sagrado, tão de Deus!
A diversidade amazônica nos ensina a dialogar com as diferentes maneiras de compreender a revelação de Deus. Nela encontramos tão numerosas expressões religiosas onde nenhuma é mais importante ou mais completa que a outra. Podemos, como Amazônidas, gestar em nosso coração aquela consciência aguçada e respeitosa de que “Deus não é propriedade privada” de um grupo; que Deus conversa com todas as pessoas que desejam dialogar sobre o amor, Amor com “A” maiúsculo! O Amor com “A” maiúsculo é aquele que nos desafia a enfrentar todas as estratégias de perversidade produzidas pelo “homem mau”, transvertido de “cidadão do bem” que é religioso somente quando lhe convém e semeia o ódio, a violência, ... Aquilo que chamamos de etnocídio tão presente na “Mãe Amazônia” de todas, todos e todes nós.
Promover o Amor que cremos é uma construção social. Nasce de uma contemplação pessoal, comunitária e litúrgica sobre Deus (deusas). É a partir dessa utopia que fortalecemos como atores sociais – com o respeito pela pluralidade religiosa – o diálogo ecumênico e inter-religioso e teremos como modelo a diversidade que somos: parafraseando a frase inicial “podemos aprender a amar” (Nelson Mandela). O exercício do diálogo promoverá lugares religiosos onde o amor será a única regra para todas, todos e todes!
Paz e bem!
Claudio Corrêa de Miranda
Clérigo Anglicano – Diocese da Amazônia
Participantes da Mesa:
- Juscelio Pantoja (mestre em ciências da Religião pela UEPA).
- Mãe de Santo Mametu Nangetu (comitê Inter Religioso e representando o Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs)
- Revdo. Claudio Miranda (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – Diocese Anglicana da Amazônia).
- Isabel Desana (Com. Anglicana de Manaus - representante das etnias indígenas da Amazônia).
Coordenação da mesa:
Revdo. Bruno Almeida (Centro de Estudos Anglicanos – CEA).
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