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Informativo CEA

Sulamita: “Eu sou mulher negra e formosa, porque o sol resplandeceu sobre mim.”

sulamita

Novembro, Mês da Consciência Negra, é ocasião para repensarmos nossos aprendizados sobre esse Livro e a tentativa constante da maioria das tradições cristãs de silenciar ou invisibilizar duas questões importantes no escrito: a negritude da principal personagem e o amor Eros evidenciado no texto.

Sulamita, protagonista do Livro “Cântico dos Cânticos”, no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, mulher negra, cuja negritude não costuma ser evidenciada pela maioria das igrejas cristãs, é a personagem que aqui exalto para enegrecer sua identidade de jovem mulher negra, e sua iniciativa e protagonismo na vivência da plenitude do amor por seu amado.

Por que algumas tradições negam essas duas questões? Qual o problema em ser mulher negra? Qual o problema em viver a inteireza do amor Eros? Só é problema para uma sociedade patriarcal e racista que desclassifica as pessoas por serem mulheres e negras, e que insiste em coisificar os corpos dessas que são desclassificadas, impondo controle sobre esses corpos, dizendo o que podem ou não fazer; e que insiste em classificar também o amor.

Com mulher negra cristã, o jeito de pensar, fazer e viver Teologia é um exercício constante de experimentar ser teófila, ou seja, amiga de Ruah (Deus). Esse exercício considera igualmente importantes: Bíblia – Tradição – Razão (conhecido tripé de Richard Hooker, teólogo anglicano do século XVI).

Algumas teólogas, como minha irmã e amiga teóloga afrocolumbiana Maricel Mena Lopez1 , também teófila, pensam e escrevem Teologias considerando nossos testemunhos como mulheres, em nossas diversidades, levando em consideração alguns importantes elementos. Marciel Lopez sistematiza esses elementos e eu aqui os enegreço um pouco mais:

  1. A vida cotidiana: nossas vidas como mulheres importam a Ruah, que valoriza nossas experiências cotidianas;
  2. O corpo como lugar de revelação: em nossos corpos experimentamos a revelação de Ruah, que nos ampara em nossos sofrimentos diários, mas também se alegra conosco e nossas conquistas e superações;
  3. A própria subjetividade: cada qual de nós tem sua própria experiência com Ruah e essas experiências nossas devem ser respeitadas e valorizadas;
  4. A tradição oral como memória histórica da resistência: somos herdeiras de uma fé viva de pessoas que já morreram e cujos testemunhos de resistência nos fortalece e nos ensina a também sermos resistência;
  5. O significado das antepassadas e dos antepassados: reconhecemos nossos e nossas ancestrais como inspiração para nossa caminhada de vida e fé;
  6. Uma consciência ecológica: como únicas capazes de gerar vidas em nossos corpos, temos consciência de que a terra e nós temos muito em comum, pois parimos vidas;
  7. A busca de uma vida digna: nossa consciência de que somos únicas capazes de gerar vidas, temos a responsabilidade de anunciar vida plena e digna para todas as pessoas, não apenas para nós mesmas.

Convido-nos a assumirmos esses passos, assumindo-nos como amigas e filhas de Ruah, que não faz acepção de pessoas por serem mulheres ou homens, pobres ou ricas. Busquemos ler a Bíblia valorizando os testemunhos de vida e fé das mulheres que nos antecederam na fé, bem como de nós mesmas, em nossas vidas hoje, em nossas vidas cotidianas.
O convite também é para os irmãos, para que exercitem repensar as teologias aprendidas, buscando interroga-las acerca dos testemunhos silenciados das mulheres ao longo dos tempos.

Como Sulamita, assumamos nossos protagonismos na vida, na lida e no amar!

Enegreçamos nossas consciências!

Revda. Dra. Lilian Conceição da Silva
Coordenadora de Comunicação e Publicações do CEA

__________
1 Ver o texto Hermenêutica Negra Feminista: um ensaio de interpretação de Cântico dos Cânticos 1.5-6, disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2013000300023>; e também Hermenêutica Bíblica Negra Feminista, da mesma autora.

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