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Envelhecer é uma dádiva. Que as pessoas idosas possam sonhar

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“Nos últimos dias, diz a RUAH, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos;
os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões,
as pessoas idosas terão sonhos.” (Atos 2:17)

Dia do Idoso 01Out

Hoje, primeiro de outubro, celebramos o Dia Internacional da Pessoa Idosa. Data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para homenagear as pessoas idosas e para conclamar as sociedades quanto a necessidade de respeitá-las.

Tenho uma mãe idosa às vésperas de completar 75 anos de vida. Lembro-me que quando se tornou sexagenária, sonhava completar 65 anos para poder usar o transporte público gratuitamente. Na ocasião, dizia-lhe eu: “Mãe, é importante que nos lembremos que essa gratuidade não é favor, mas direito adquirido. Assim como os assentos reservados. A senhora e tantas outras pessoas muito trabalharam por longo tempo de suas vidas, contribuíram com impostos e agora é tempo de colher um pouco do que semearam.”

Lamentavelmente tenho testemunhado que esse sonho tem sido a expectativa de muitas pessoas idosas e isso me deixa muito comovida. Como se dá que pessoas cujas vidas têm sido de dedicação ao trabalho para assegurar o sustento de sua família, sejam levadas a ter uma expectativa tão diminuta para os anos futuros de sua vida?

A reserva de assentos exclusivos ou preferenciais para pessoas idosas muito nos diz sobre como necessitamos, em quanto sociedade brasileira, da lembrança do que nos deveria ser hábito: respeitar quem acumulou mais tempo de vida e de experiências. O modo como tratamos as pessoas idosas diz muito sobre que tipo de sociedade nos tornamos.

Mesmo com os assentos preferenciais tem sido cada vez mais comum que as pessoas idosas sejam invisibilizadas e desrespeitadas tanto pelos condutores dos transportes públicos, quanto (e principalmente) pela maioria da população estudantil e trabalhadora.

Certamente esse cenário tem se tornado cada vez mais comum. O que nos desafia a não aceitarmos que se torne norma, que seja normalizado ou tenha a aparência de natural. Indignarmo-nos com essa situação é necessário para que não contribuamos ou sejamos agentes do célere processo de desumanização em curso, que tem ativado ondas de barbárie em nossa sociedade.

Cada vez mais aumenta o número de pessoas idosas em nosso Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há uma estimativa de chegarmos a 2031 com uma população de pessoas idosas maior do que a de crianças e adolescentes de até 14 anos. No atual cenário temos mais de 30 milhões de pessoas idosas com mais de 60 anos, em sua maioria mulheres. É urgente que atentemos para os crescentes casos de violência contra essa significativa, importante e necessária parcela da sociedade¹.

Urge voltarmos nossa atenção à sabedoria ancestral muito viva em muitas culturas orientais, indígenas e africanas, para repensarmos nossas práticas ocidentais que nos tem levado à selvageria.

Como pessoas cidadãs anglicanas somos constrangidas pelo Evangelho de Jesus Cristo, que orienta nossa prática de fé e vida, a darmos testemunho de práticas que promovam respeito e amorosidade. Somente envelhece quem viva está. De modo que envelhecer faz parte do processo vital.

Anunciemos: Envelhecer é uma dádiva! Lembremo-nos do que nos anuncia o texto dos Atos dos Apóstolos e Apóstolas e oportunizemos que as pessoas idosas tenham sonhos que gerem esperança de vida plena para si e sua descendência.

Revda. Dra. Lilian Conceição da Silva

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1. Fundo de População da ONU alerta para violência contra idosos no Brasil. Disponível em:
<nacoesunidas.org/fundo-de-populacao-da-onu-alerta-para-violencia-contra-idosos-no-brasil/>.