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100 anos da igreja na Amazônia

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Foto: Analu SaraivaOs exatos cem anos de fundação da Igreja Anglicana na Amazônia foram comemorados neste domingo. A cerimônia de ação de graças foi realizada no ginásio da Catedral de Santa Maria, reunindo a comunidade e clérigos de igrejas anglicanas do Brasil e exterior.

A cerimônia foi conduzida pelo bispo primaz da Igreja Episcopal Anglicana no Brasil, Dom Maurício Andrade, que agradeceu a todos os que fizeram e fazem parte da trajetória da igreja. “Cada pessoa aqui é desafiada a viver um novo compromisso. Estamos aqui para nos unir no serviço”, destacou.

O bispo diocesano Saulo Barros destacou o pioneirismo da igreja em Belém, que inovou ao trazer para a região uma nova forma de viver a fé cristã. Desde 2006 a catedral é sede da diocese da Amazônia, que abrange paróquias e pontos missionários no Pará, Acre, Amazonas, Amapá e Roraima.

Durante a celebração de domingo foi assinado convênio de cooperação entre a igreja de Belém e a Catedral Anglicana da Restituição em Brasília. Placas comemorativas do centenário foram distribuídas aos representantes das comunidades anglicanas.

Memória – Um hino em inglês foi cantado na abertura da celebração, em referência a primeira celebração no templo, que teve a pedra fundamental lançada em 2 de setembro de 1912, tendo a frente o reverendo Arthur Milles Moss. Naqueles tempos Belém vivia a Belle Époque, movido pelo desenvolvimento trazido pelo ciclo da borracha. A presença dos ingleses era marcante permitindo que ganhassem a concessão de terreno na Avenida Serzedêlo Corrêa para sepultamento dos seus mortos. Mais tarde o terreno abrigaria a atual catedral.

Nas primeiras décadas o ritual das celebrações seguia os moldes britânicos, reunindo falantes da língua inglesa. Entre eles estava a comunidade caribenha, denominados popularmente como barbadianos, que vieram à capital paraense trabalhar nas companhias inglesas. A terceira e quarta geração de barbadianos ainda congrega na igreja.

Já na segunda metade do século a igreja passou a se focar nos brasileiros, implantando celebrações em Português e se engajando em entidades de luta pelos direitos humanos, defesa do meio ambiente e bandeiras políticas de destaque, como a redemocratização. Uma figura importante dessas ações é o reverendo canadense, William Bland, que esteve em Belém para o centenário. Ele foi pároco da comunidade de Santa Maria na década de 80, além de ser um dos fundadores da Universidade Popular (Unipop), que se tornou conhecida por ser um centro de formação de lideranças políticas, em Belém, no final da Ditadura Militar.

Regionalismo – Apesar das raízes inglesas a igreja anglicana soube incorporar as características regionais. A celebração do centenário ganhou até hino em ritmo de carimbó, composto pelo cantor Xico Esvael. O som paraense também embalou o momento do ofertório. Os clérigos também utilizaram cálices feitos em cerâmica marajoara para a celebração.

Participaram do culto de ação de graças clérigos e representantes de diferentes denominações, como o movimento Focolares, Igreja Luterana e Assembleia de Deus. Dom Teodoro, bispo da igreja católica, fez uma saudação especial no evento. Na última sexta-feira a Igreja Anglicana foi agraciada com o Brasão D’Armas de Belém, concedida pela Câmara Municipal de Belém.

[+] Veja o albúm de fotos da celebração, clicando aqui.

Fotos: Analu Saraiva